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Exposições no MAM mostram trabalhos sobre imagens 

Exposições no MAM mostram trabalhos sobre imagens
     O trabalho do fotógrafo é consequência de uma avaliação que vinha fazendo sobre o fim da fotografia com o começo da era digital.

12:31|Agência Brasil/Cristina Indio do Brasil/ID News |20180SET02| 

O Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) começou o mês abrindo espaços para os moradores e visitantes da cidade se envolvam com duas formas de tratamento de imagens. No térreo, o público pode transitar pela exposição Metaimagens, que apresenta 15 trabalhos inéditos do artista, cineasta e fotógrafo Cesar Oiticica Filho. No segundo andar, o trabalho exposto convida as pessoas a entender um pouco mais da história do cinema.

O trabalho do fotógrafo é consequência de uma avaliação que vinha fazendo sobre o fim da fotografia com o começo da era digital. Oiticica disse que nessa época usou a pintura em papel fotográfico para desenvolver algo naquele tipo de mídia antes que ela desaparecesse. Depois seguiu as experiências com cromos se utilizando da diferença de cores, mas aí veio o inesperado.

Durante um incêndio no Projeto Hélio Oiticica, no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio, do qual é curador e concentra seus projetos e do irmão destacado artista plástico, César perdeu parte do seu trabalho.

“Eu guardei tudo, porque achei que aquilo era uma coisa de que eu estava falando e aconteceu ao mesmo tempo no meu trabalho. Deu para sentir essa destruição assim meio na carne, mas ficou ali a ideia esperando essa oportunidade de montar esta obra, que é o núcleo Metaimagético”, revelou satisfeito em poder completar a sua experiência.

Na visão do artista, a analogia da exposição representa uma evolução. Segundo ele, quando a fotografia surge e é impressa, vira pintura ou gravura com pigmentos sobre papel, sobre plástico ou sobre tela. Se é feita no telefone, ao se transformar em projeção passa a ter relação com filmes e pode, ainda, virar objeto em 3D e em realidade virtual.

Oiticica criticou o uso da fotografia para o culto ao corpo e o que as pessoas são capazes de fazer para conseguir uma imagem fictícia. “Então se é, totalmente, devorado pela imagem. É uma analogia que faço com a nossa sociedade. As pessoas estão se mutilando, estão morrendo, querendo botar bunda, puxar a cara. Já existem campanhas na Europa e nos Estados Unidos para as modelos aparecerem sem maquiagem porque tudo é photoshop”, disse.

O percurso na exposição termina com um convite para o visitante deitar, e com uma luz que provoca calor e vento frio possa sentir o próprio corpo. “É um mergulho interior nos sentidos”.

Cinema

Na outra exposição, o público poderá passear por uma história nem sempre disponível para o conhecimento. Na Galáxia (s) do Cinema – Mámetaimagensquinas, Engrenagens, Movimentos ou this strange little thing called love, com curadoria do conservador audiovisual e curador assistente da Cinemateca do MAM, Hernani Heffner, tem possibilidade de ver de perto equipamentos que mostram a evolução tecnológica da chamada sétima arte.

“O mundo digital veio de forma tão avassaladora que encerrou de todas as maneiras a era industrial. Se substituiu todas as máquinas mecânicas por máquinas eletroeletrônicas que chamamos de digitais. É uma oportunidade das pessoas perceberem que um determinado mundo se foi, se tornou arcaico. Tem duas gerações que não conheceram isso de maneira direta. De uma maneira geral o expectador comum nunca viu a maior parte desses equipamentos”, afirmou Heffner.

A exposição Galáxia (s) do Cinema – Máquinas, Engrenagens, Movimentos ou This strange little thing called love, resgata a história do cinema através de equipamentos e peças que mostram a evolução no Museu de Arte Moderna. – Fernando Frazão/Agência Brasil

Ele informou que a maior parte dos equipamentos da exposição pertence ao MAM, cuja coleção da sua Cinemateca é estimada em mais de duas mil peças, mas a mostra conta ainda com contribuições de outras instituições e empresas como a Cinédia, Movedoll e o CTAv, e de colecionadores como Márcio Melges e José Eduardo Zepka.

Além dos equipamentos, a mostra tem 16 cartazes de filmes que também fazem parte do acervo. O coordenador de pesquisa e documentação da Cinemateca do MAM, Fábio Vellozo, destacou que por meio dos cartazes é possível identificar a influência de um determinado período das artes plásticas.

“O cartaz polonês de O Cangaceiro não havia nenhum com aquele design no Brasil naquele momento. Só a partir da década de 1960 e mais fortemente a partir da década de 1980 se viu algo semelhante. Como tinha também alguns artistas que faziam cartazes de cinema, se consegue fazer um paralelo com momentos das artes plásticas”, disse.

Vellozo ressaltou que a ideia que baseou a escolha dos cartazes para a exposição era estar em sintonia com o tema proposto por Hernani Heffner, de mostrar movimento ao mesmo tempo de chamar atenção para cartazistas famosos brasileiros e para filmes nem tão conhecidos.

“Todos fazem parte da Cinemateca do MAM, inclusive os poloneses de filmes brasileiros. O cartaz brasileiro do filme O Cangaceiro, que é arte do Caribé; o Brás Cubas, dirigido pelo Júlio Bressane, que é arte do Luciano Figueiredo, quer dizer artistas plásticos que não estavam acostumados a fazer cartazismo para cinema”, disse Vellozo.

“A gente misturou isso, e foi uma proposta ter o trabalho de pessoas que não estavam no mundo do cinema, o caso do Caribé e do Luciano, junto com designers como José Luiz Benício e do Ziraldo” completou”, acrescentou.

A mostra Galáxia(s) do Cinema é dedicada ao pioneiro da preservação da tecnologia de cinema no Brasil, o cineasta e pesquisador Jurandyr Noronha (1916-2015), e está incluída nas comemorações dos 70 anos do MAM Rio, com destaque para a relevância da Cinemateca do MAM, uma referência na América Latina.

FOTO: A mostra Galáxia(s) do Cinema é dedicada ao pioneiro da preservação da tecnologia de cinema no Brasil

Edição: Aécio Amado

About Beto Fortunato
Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Beto Fortunato

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