Saúde & Cuidados

Cientistas recriam o DNA de um homem morto há 200 anos

Cientistas recriam o DNA de um homem morto há 200 anos
É a primeira vez que feito é obtido sem se extrair genes dos restos mortais
22JAN2018|  7:05 - Unan-Ag: Notícias Unesp/THUANY MOTTA   - Foto:  © Pixabay

Trazer os mortos de volta à vida parece impossível, mas o primeiro passo pode ter sido dado. Uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade da Islândia reconstruiu o genoma materno do primeiro imigrante negro no país, no século XVIII. As informações foram obtidas a partir de fragmentos de seu genoma encontrados em centenas de seus descendentes modernos. É a primeira vez que o gene de uma pessoa falecida foi reconstruído sem extrair o DNA dos restos mortais. O estudo foi publicado nesta semana na revista “Nature Genetics”.

O homem, chamado Hans Jonatan, nasceu no Caribe, em 1784, filho de mãe africana escravizada e pai europeu, de acordo com fontes históricas. Jonatan mais tarde morou em Copenhague e migrou para a Islândia, tendo dois filhos com uma habitante local. Depois de cinco gerações, o casal tem 788 descendentes atualmente.

Para chegar ao resultado, os cientistas genotiparam 182 desses descendentes e usaram os dados para construir 38% do genoma materno de Hans. A partir daí, os pesquisadores acreditam que a origem de sua mãe poderia ser rastreada na região africana abrangida por Benin, Nigéria e Camarões.

De acordo com os pesquisadores, o estudo demonstrou “o primeiro uso de dados de genótipos de indivíduos contemporâneos, juntamente com informações sobre suas relações genealógicas, para reconstruir uma parte considerável do genoma de um único antepassado nascido há mais de 200 anos”.

Limitações. Embora a técnica pareça promissora para a futura pesquisa genética, os estudiosos admitem que há restrições importantes. Ao longo de várias gerações, a utilidade prática do uso de genomas ancestrais diminui a precisão. Além disso, à medida que os pesquisadores retornam no tempo, a probabilidade de um antepassado fornecer qualquer fragmento de cromossomo para seus descendentes rapidamente atinge zero.

Apesar disso, a equipe demonstra que, com dados genealógicos extensos, dados de genótipos e ascendência divergente, a reconstrução genômica envolvendo um antepassado pode ser relativamente simples.

Segundo o médico geneticista Ciro Martinhago, doutor em genética reprodutiva pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), a iniciativa é de grande importância. “Por meio de mapeamento genético, podemos alcançar o entendimento de como as doenças se desenvolveram de forma hereditária – o que pode auxiliar nos tratamentos –, além do processo das grandes migrações da humanidade e a formação de populações”, diz.

Quanto à possibilidade de usar a técnica para clonagem humana, o médico é incisivo. “Não seria a melhor maneira de alcançar esse tipo de objetivo. Temos outros métodos já em uso para esse fim”, afirma.

História. Na Islândia, é possível saber quem são os antepassados. Um banco de dados, criado pela empresa deCODE, contém os DNAs de 150 mil cidadãos – metade do total de habitantes do país.

Importância. “O mapeamento genético pode dar o entendimento sobre como as doenças se desenvolveram de forma hereditária”, afirma o médico Ciro Martinhago.

 

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Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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