Educação & Cultura

Coordenador do curso de Economia da Uniara fala sobre o aumento do preço do petróleo

Problema foi agravado pela invasão russa à Ucrânia

Que o preço da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, entre outros produtos derivados do petróleo, está muito alto, todos já sabem. Mas esse problema foi agravado pela invasão russa à Ucrânia, desde o final de fevereiro. O coordenador do curso de Economia da Universidade de Araraquara – Uniara, Ademil Lúcio Lopes, fala sobre a questão, que eleva cada vez mais a inflação.

“As pessoas esquecem que o preço do petróleo já vinha alto desde o início do ano, pois a economia está se recuperando: 2021 foi um ano de recuperação econômica, mesmo com a pandemia, mas o quadro melhorou, em função da vacinação. Foi uma recuperação forte até, e aí, há um aumento da demanda por petróleo, visto que a indústria vai precisar de mais matéria-prima derivada dele, haverá mais carros circulando etc.”, contextualiza Lopes.

Ele explica que, juntamente com essa recuperação econômica, que ocasiona grande procura, “os países produtores de petróleo, reunidos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, e mais a Rússia, que não faz parte do grupo, mas tem atuado junto a ele, passaram a controlar a oferta, em 2021”. “Assim, o preço do petróleo vem aumentando gradativamente e, no início de 2022, com a recuperação mais forte, as economias passaram a ter uma atividade praticamente normal, o que pressionou o seu preço, e esses países da OPEP procuraram não ofertar muito petróleo para manterem seu preço alto”, esclarece.

Quando começou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, isso pressionou ainda mais o preço, de acordo com o docente. “A Rússia é um dos principais produtores de petróleo do mundo e, quando esse país entra na guerra, isso traz consequências em relação à capacidade de ofertas. Além disso, há diversas sanções, sendo que os produtos russos passaram a ter muita dificuldade de conseguirem mercado e comporem a oferta mundial. Foi o que aconteceu com o seu petróleo. Com a economia crescendo e a demanda alta, essa oferta, que já estava apertada, acaba diminuindo. O resultado é o aumento de preço”, relata.

Especificamente em relação ao diesel e à gasolina, “as pessoas acham que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo”. “O país tem uma produção grande, é um dos principais produtores, mas é necessário entender que tanto a gasolina quanto o diesel e derivados, passam por refinação – as refinarias fazem com que esse petróleo se transforme nesses derivados. A capacidade do Brasil de refinar está aquém do que a economia demanda, de modo que o país importa boa parte. Então não tem como não ser impactado por essa escassez de petróleo e seus derivados”, diz Lopes.

Por sua vez, o gás de cozinha “é fundamental e tem um custo muito alto, principalmente nas classes mais desfavorecidas”. “As famílias não têm condições de comprar, sendo que boa parte da renda vai com o alimento”, aponta o coordenador.

E todo esse aumento “é altamente inflacionário porque o petróleo tem uma penetração muito grande na economia de qualquer país”. “Se pensarmos no Brasil, a principal forma de transporte de mercadorias é por frete rodoviário. Então o aumento do preço afeta o preço do frete, que é custo praticamente para toda atividade produtiva em que a comercialização é feita por esse meio. Isso vai ter impacto no preço dos alimentos e produtos industriais, já que o frete rodoviário tem uma porcentagem grande na composição do custo”, alerta o docente.

Ele coloca que é difícil controlar esse problema, agravado pela guerra. “Enquanto não tiver alguma resolução para essa tragédia geopolítica que estamos vivendo, os preços do petróleo ficarão pressionados e, internamente, não vejo uma capacidade muito grande de alterar esse quadro. O governo vai desonerar impostos, alterar o cálculo do ICMS etc. O problema é que isso, se a escalada continuar, não terá efeito nenhum em termos de alívio interno e, ao mesmo tempo, essa desoneração que o governo está promovendo pode causar problemas em relação à arrecadação pública”, coloca o professor.

Congelar os preços da gasolina e do botijão do gás também é ineficaz, na visão de Lopes. “É muito complicado. Historicamente, nenhuma das tentativas de se segurar preço com congelamento deu certo. O aumento é fruto da escassez do produto causada por uma situação excepcional e, quando você, artificialmente, mantém o preço baixo, pode criar uma situação, no futuro, na qual pode-se ter falta desse produto: as pessoas – pelo preço que não sinaliza o que está acontecendo no mercado – vão tentar comprar mais, andar mais de carro e utilizar mais derivados de petróleo, quando não existem esses derivados. Então pode haver falta de produto em função de um congelamento”, explica o coordenador.

Outra alternativa, a de subsidiar, também não é efetiva, segundo ele. “É quando o governo paga parte do preço para que o consumidor consiga comprar mais barato. Entra no mesmo problema, pois temos uma situação na qual o petróleo está mais escasso. Então efetivamente você não resolve o problema”, resume Lopes.

Prever alguma coisa, portanto, parece impossível neste momento, para ele. “Existe a questão especulativa da variação do preço do petróleo, que ocorre em função de as políticas serem mais positivas ou negativas em relação ao desenrolar da guerra e aos acordos que estão sendo firmados. Acho que, enquanto estivermos vivendo este momento do conflito, vai ser difícil imaginar aonde vai o preço do petróleo. Com o fim da guerra, vai ter um preço elevado, mas você vai ter um pouco mais de previsibilidade no que se refere ao comportamento do mercado”, aponta o docente.

Por agora, sua sugestão para o consumidor é “tirar menos o carro da garagem e usar mais o transporte público quando possível”. “No Brasil, temos a alternativa do etanol, para quem tem o carro flex, ou andar mais a pé, usar a bicicleta, enfim, meios mais econômicos. Já o gás de cozinha é mais difícil, pois as pessoas precisam se alimentar, mas o que puderem fazer para diminuírem a utilização dos derivados do petróleo, precisarão fazer”, finaliza Lopes.

Informações sobre o curso de Economia da Uniara podem ser obtidas no endereço www.uniara.com.br ou pelo telefone 0800 55 65 88.

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About Beto Fortunato
Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Beto Fortunato

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