Politica

Pressionado por eleição americana, Bolsonaro fala em risco de interferência externa na votação de 2022

Pressionado por eleição americana, Bolsonaro fala em risco de interferência externa na votação de 2022

| IDNews® |Estadão Conteúdo | Via Notícias ao Minuto |Brasil|

Chance de Donald Trump ser derrotado por Joe Biden faz com que governo brasileiro alimente novas teorias da conspiração.

IDN – POLÍTICA

Tensão no ar. 

Desde o primeiro dia de seu governo, Jair Bolsonaro se alinhou politicamente à administração de Donald Trump nos Estados Unidos. Depois de, literalmente, declarar seu amor ao presidente norte-americano era mais do que previsível que haveria enorme desconforto para o governo brasileiro com a possibilidade real de ele perder a reeleição para Joe Biden. Trump tem funcionado para Bolsonaro mais do que como um aliado, mas até mesmo como um modelo a ser seguido. Uma eventual derrota do candidato republicano é vista por setores bolsonaristas como uma perigosa sinalização sobre as possibilidades da reeleição do presidente brasileiro, em 2022. E, é bom lembrar, Biden vem sendo apontado como favorito em praticamente todas as pesquisas feitas nos Estados Unidos.

Teoria da conspiração. 

Também provoca pouca surpresa que o presidente – ou alguém com autorização para usar sua senha nas redes sociais – tenha tirado da cartola mais uma das teorias da conspiração, quase sempre envolvendo interesse internacional no controle da Amazônia, citando suposta “ingerência de outras potências” no pleito dos Estados Unidos e que isso poderia se reproduzir na eleição brasileira em 2022. Numa postagem intitulada de “Nossas riquezas, nosso futuro”, Bolsonaro usa sua conta nas redes para divagar sobre a tese.

“Interferência externa”. 

Na postagem, que foge ao estilo mais habitual do presidente e lembra mais publicações de integrantes da ala mais ideológica, Bolsonaro diz: “É inegável que as eleições norte-americanas despertam interesses globais, em especial , por influir na geopolítica e na projeção de poder mundiais; Até por isso, no campo das informações, há sempre uma forte suspeita da ingerência de outras potências, no resultado final das urnas; No Brasil, em especial pelo seu potencial agropecuário, poderemos sofrer uma decisiva interferência externa, na busca, desde já, de uma política interna simpática a essas potências, visando às eleições de 2022”.

Guinada à esquerda. 

Entre os bolsonaristas ideológicos existe toda uma preocupação com uma possível perda de influência política dos grupos conservadores com uma eventual derrota de Trump. Esse receio de uma espécie de “guinada à esquerda” internacional é, inclusive, citada na postagem publicada no perfil do presidente. “Não se trata apenas do Brasil. Devemos nos inteirar, cada vez mais, do porquê, e por ação de quem, a América do Sul está caminhando para a esquerda. Nosso bem maior, a liberdade, continua sendo ameaçado. Nessa batalha, fica evidente que a segurança alimentar, para alguns países, torna-se tão importante e aí se inclui, como prioridade, o domínio da própria Amazônia”, diz o texto, criando um inusitado combo conspiratório reunindo Amazônia/segurança alimentar/esquerda/interferência externa/reeleição.

Pressão ambiental. 

A verdade é que um eventual triunfo de Biden deve representar sim maior pressão contra a política ambiental do governo brasileiro. Tanto o candidato democrata quanto sua vice, Kamala Harris, já fizeram críticas públicas ao comportamento do Brasil nesse setor. E devem ampliar a cobrança nesse sentido, caso se elejam. De Trump jamais se ouviu crítica ao governo Bolsonaro nessa área. Não é à toa que o vice-presidente Hamilton Mourão promoverá, a partir desta quarta-feira, um tour pela Amazônia para embaixadores estrangeiros no Brasil. O general quer apresentar a situação real da região para tentar melhorar a imagem da política ambiental brasileira e tentar mostrar que há exagero nas críticas. Com recordes de queimadas e desmatamento não apenas na Amazônia, mas também no Pantanal, a melhor propaganda para a imagem ambiental do Brasil seria diminuir esses números, em vez de promover o “Amazônia Tour”.

About Beto Fortunato
Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *