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Sérgio Moro mocinho ou vilão?

Sérgio Moro mocinho ou vilão?  A população o alçou à herói nacional, simpatizantes do governo o acusam de agir partidariamente

Sérgio Moro mocinho ou vilão? A Operação Lava Jato trouxe para os holofotes da mídia aquele que vem sendo considerado o justiceiro brasileiro, o algoz dos corruptos: o juiz Sérgio Moro. Desde que determinou a condução coercitiva do ex-presidente Lula para depor, Moro vem sendo alvo de críticas por parte dos defensores do governo, que o acusam de abuso do poder. Já uma parte dos brasileiros, favorável ao impeachment e contra o governo, alçou o magistrado à categoria dos “corajosos”. Nas manifestações do último domingo (13), cartazes, faixas, máscaras e camisetas com frases como “Somos Todos Moro” foram recorrentes durante todo o movimento, em todo o país. Segundo a BBC, os investigadores da Lava Jato afirmam que a ligação entre Lula e Dilma aponta indícios de que o ex-presidente foi nomeado ministro para ter foro privilegiado. A presidente nega e acusa o juiz de “afrontar direitos e garantias da Presidência”.

“Todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição cometida pelo juiz autor do vazamento”, diz nota emitida pelo Palácio do Planalto.

Já o juiz diz que “havia justa causa e autorização legal para a interceptação” e compara o caso ao caso Watergate, no qual o presidente americano Richard Nixon, que renunciou em 1974 acusado de obstrução da Justiça, foi grampeado pela justiça. Ainda de acordo com a BBC, para José Álvaro Moisés, diretor do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP, Moro faz parte da nova safra de juízes:

“Moro é parte de uma geração de juízes e promotores que se formou depois da ditadura e que tem uma visão democrática e republicana bastante consolidada”. E complementa: “Ele desafiou essa lógica até então consolidada no Brasil de que quem tem recursos ou poder consegue escapar do alcance da lei.”

Contudo, mesmo opositores do governo tem uma visão crítica a respeito do magistrado. Juristas tem muitas ressalvas com relação à atuação de Moro, como os que veem abuso no exercício da função. A OAB-RJ emitiu nota no qual repudia a escuta de Lula e diz que o procedimento é “típico de estados policiais”. “É fundamental que o Poder Judiciário, sobretudo no atual cenário de forte acirramento de ânimos, aja estritamente de acordo com a Constituição e não se deixe contaminar por paixões ideológicas”, lê-se no comunicado.

Já outros especialistas apontam que o juiz possa estar desenvolvendo “vaidade” e “querendo fazer história”, algo que pode influenciar seu trabalho. É o que pensa Renato Perissinotto, cientista político da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Apesar de aparentemente ele não ser partidário, sua atuação acaba tendo um caráter político”, diz. “Ao que tudo indica, essa operação (Lava Jato) vai pegar todo mundo. Vai colocar em xeque o próprio sistema político, que sempre funcionou com base em caixa 2. Mas o problema é que não sabemos o que vai surgir com o colapso do sistema. Pode não ser algo melhor. Podemos ter a ascensão de um líder radical. Enfim, tudo é possível.”, comenta.

Amigos próximos dizem que o juiz é muito estudioso e sua conduta em investigações anteriores o levou a ser chamado em 2012 pela ministra Rosa Weber (STF) para auxiliá-la na investigação do mensalão. Sobre uma das práticas adotadas pelo juiz e muito criticada no meio jurídico, a delação premiada, o próprio Moro já deu sua posição: “Um criminoso que confessa um crime e revela a participação de outros, embora movido por interesses próprios, colabora com a Justiça e com a aplicação das leis de um país.”

Segundo um jurista crítico, que frequentou a UFPR quando Moro era professor, o juiz usa de práticas que beiram a legalidade para atingir seus objetivos: “Ele sabe que para conseguir as informações necessárias para avançar rapidamente nas investigações precisa agir ali no fio da navalha, no limite da legalidade, sempre justificando suas escolhas”.

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About Beto Fortunato
Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

Beto Fortunato

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