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Araraquara

Mesa-redonda detalha início de tratamento com cannabis medicinal no SUS em Araraquara


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Evento foi realizado no Plenário da Câmara, na noite de quinta-feira (18), e integrou a 2ª Semana Municipal em Defesa da Cannabis Medicinal; 25 pacientes já fazem tratamento gratuito no município


 

Os primeiros resultados da utilização da cannabis medicinal em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Araraquara foram apresentados na mesa-redonda “Araraquara: a cidade referência – Implantação do Programa Municipal de Distribuição de Remédio à base de Cannabis”, na noite de quinta-feira (18), no Plenário da Câmara Municipal.

 

O evento integrou a 2ª Semana Municipal em Defesa da Cannabis Medicinal “Antonio Luiz Marchioni – Padre Ticão”, criada por lei municipal de autoria da vereadora Fabi Virgílio (PT) em parceria com os vereadores Aluisio Boi (MDB) e Marcos Garrido (PSD). A semana temática foi aberta na quarta-feira (17) com a realização de Audiência Pública.

 

A mesa-redonda teve mediação de Fabi Virgílio, presidenta da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis para Fins Medicinais, e apresentação da farmacêutica clínica Stephani Ferrisi, que é especialista em cannabis e está fazendo acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes SUS em Araraquara.

 

Stephani explicou que, nesta fase inicial, 25 pacientes estão realizando tratamento com óleo extraído da cannabis na cidade, sendo 15 deles com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e dez com quadros de epilepsias refratárias (resistentes a medicamentos). Esses tratamentos estão sendo utilizados há dois meses. Os pacientes foram encaminhados por médico neurologista que atende no Centro Especializado em Reabilitação “Dr. Eduardo Lauand”.

 

Exemplos de melhora na saúde de pacientes foram apresentados no evento. “Com Rivotril, o paciente não dormia. A partir do momento em que iniciou o tratamento [com cannabis], está tendo noite de sono maravilhosa. Melhora a agitação, a agressividade, a comunicação. A gente ‘desmamou’ o Rivotril, o Escitalopram, que é antidepressivo, e o Risperidona também, que é um antipsicótico utilizado muito em casos de autismo”, afirmou Stephani.

 

Segundo a farmacêutica, as experiências do uso da cannabis medicinal em pacientes mostram melhora no sono, regulação do apetite, agitação física e mental, entre outros benefícios. Stephani também fez um contraponto entre os efeitos colaterais de remédios ‘tarja preta’ e os possíveis efeitos indesejados da cannabis (boca seca, diarreia no início do tratamento e tontura). “O que é mais perigoso: a gente pensar em uma planta ou em um ‘tarja preta’? As pessoas acabam não lendo a bula. Tem medicamentos antipsicóticos em que a gente pode ter problema hepático. Perder rim, fígado”, pontuou.

 

A especialista ressaltou que cada paciente recebe uma dose individualizada para o tratamento, já que cada pessoa possui um sistema endocanabinoide diferente. “A cannabis age como equilibrador do nosso sistema, do nosso organismo. O sistema endocanabinoide é um maestro. Onde está demais, ele vai diminuir. Onde está pouco, ele vai produzir mais. Isso está relacionado a diversas doenças. Onde está inflamado, vai diminuir a inflamação. Onde tem muita excitação neuronal, ele vai diminuir. Ele causa esse equilíbrio. Quando a gente causa o equilíbrio, a gente consegue tratar tantas doenças. Todas as doenças são desequilíbrios”, explicou.

 

A farmacêutica ainda relatou sua própria experiência com a cannabis no tratamento de depressão e ansiedade. “Comecei o tratamento com a cannabis ainda tomando os medicamentos. Comecei a ver melhora, a sair do ‘limbo’ em que eu estava, com a cannabis. Foi o momento de sair dos medicamentos. Quem já tomou antidepressivos por um tempo sabe que é muito difícil. As pessoas têm medo de que a cannabis cause dependência porque nunca viram o que o antidepressivo faz quando você tenta tirar ele. No meu caso, foi bem sofrido”, disse.

 

“Do mesmo jeito que isso transformou a minha vida, as pessoas precisam saber o que isso pode ajudar, trazer qualidade de vida. Aí abracei essa causa”, afirmou Stephani, que é voluntária nas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) do SUS realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde.

 

Pioneirismo

Fabi destacou que o programa municipal foi possível após ela ter a iniciativa de apresentar, em 2022, uma emenda à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023 solicitando sua implantação. A sugestão foi acatada pelo governo e sancionada pelo prefeito Edinho Silva (PT).

 

“Há dois meses, a cidade de Araraquara já está conseguindo fazer com que [o tratamento] chegue à vida de 25 pessoas. E isso reflete diretamente na qualidade de vida das famílias dessas pessoas. É um grande passo. Ninguém ainda fez isso. Nem o [Governo do] Estado, que já aprovou a lei há um ano, fez com que chegasse nas mãos das pessoas esse atendimento”, afirmou a vereadora.

 

“A gente tem que fazer com que as pessoas se sensibilizem, entendam que isso é qualidade de vida, e tenham o direito de escolher [receber o tratamento]”, complementou Fabi.

| IDNews®| Brasil |Beto Fortunato |Via  Assessoria de Imprensa | Câmara Municipal de Araraquara

Beto Fortunato

Jornalista - Diretor de TV - Editor -Cinegrafista - MTB: 44493-SP

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