Mesa Redonda “Mulher e o Meio Ambiente” define ação que será sugerida ao Executivo

Mesa Redonda “Mulher e o Meio Ambiente” define ação que será sugerida ao Executivo

Evento foi promovido pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Mulheres

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Na sexta-feira (2), a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Mulheres trouxe reflexões sobre o tema “Mulher e Meio Ambiente”. O evento online foi presidido pela vereadora Fabi Virgílio (PT) e contou a participação de Enedina Ferreira Andrade, coordenadora executiva da Agricultura; Silvani Silva, coordenadora executiva de Segurança Alimentar; e Lara Teixeira Laranjo, proprietária de uma minhocaria (empresa de compostagem de resíduos orgânicos).

Segundo Silvani, alimentação é um bem cultural e que diz muito sobre a sociedade em que o indivíduo vive. “O modelo de produção de nossa sociedade tem fomentado o distanciamento da alimentação produzida pela terra e nos levado em direção ao consumo de alimentos multiprocessados. Isso empobrece a qualidade de nossa alimentação, nos afasta dos sabores da terra, ainda que possa proporcionar aumento de peso, o que nem sempre é sinal de qualidade de vida”, afirmou, assegurando ainda que em Araraquara o alimento de qualidade está prevalecendo nas ações e políticas públicas de aquisição e distribuição de alimentos para as pessoas, entidades sociais, escolas e creches municipais.

Ela concluiu refletindo que a alimentação correta e de qualidade faz com que o cidadão não gaste com remédio. “Mesmo pessoas com melhores condições econômicas estão se alimentando errado. Temos que trabalhar a educação alimentar. Solo fértil e bem cuidado, bem preservado, faz com que a produção dependa menos de insumos e produz alimentos de melhor qualidade”, ponderou, dando o exemplo de cuidados na preparação do alimento, como, por exemplo, o ato de lavar o arroz, que tira dele alguns nutrientes, empobrecendo sua qualidade. “Quando falamos de sustentabilidade, precisamos ter sempre em mente que o ato de se alimentar não deve ser pensado somente no encher a barriga, e sim, na qualidade do alimento consumido”.

Já Enedina Andrade falou sobre a luta da mulher camponesa e do surgimento da agricultura. “Nós, mulheres, dos movimentos sociais do campo, sabemos que a agricultura só foi possível a partir da observação e da paciência da mulher, que aprendeu que ao jogar a semente, aquilo germinava e que não precisava mais andar, comer tudo e voltar; era possível cultivar. É nesse momento que a agricultura surge e que se torna possível o desenvolvimento da sociedade. Sem feminismo não há agroecologia”, comentou, afirmando ainda que a agricultura e a segurança alimentar, têm que ser pensadas a partir da soberania de uma nação. “É preciso respeitar, por exemplo, a cultura, a religião, as tradições de uma pessoa e o que ela come”.

A importância da preservação do meio ambiente e da gestão de resíduos orgânicos foi o tema da fala de Lara Teixeira. Ela começou falando do regime de chuvas que torna possível a agricultura no país. “As pessoas não sabem que toda a transpiração das árvores da Amazônia, jogando uma quantidade absurda de água na atmosfera, cria aqueles rios voadores, que levam as chuvas para as regiões do país. E aí, tem gente que está devastando a Amazônia e queimando tudo. Isso vai dificultar a vida nesse país”. Sobre a compostagem, disse que nossa sociedade precisaria produzir apenas 20% do lixo que produz em casa. “Falta consciência, e falta o reaproveitamento dos resíduos orgânicos, que, junto com os resíduos das podas de árvores feitas pela cidade, se tornam excelente matéria-prima para fazer compostagem. E concluiu, afirmando que “se o campo não planta, a cidade não janta; e quem alimenta o brasileiro é a agricultura familiar”.

Citando a escritora Natália Lampejo, a Vereadora Fabi disse que “os grandes problemas das cidades são solucionáveis, e quando você planeja e coloca um prazo para aquela meta, gradualmente você consegue atingir”, se referindo ao exemplo da cidade de Portland, nos Estados Unidos, que definiu a meta de lixo zero. Para atingir a meta, a Prefeitura local começou a subsidiar composteiras. “Recentemente eles alcançaram o objetivo daquele plano feito na década de 80”.

Como encaminhamento do encontro, a Vereadora Fabi propôs a apresentação de uma Indicação ao Executivo, para que sejam implantadas hortas nas escolas, como processo de produção autossustentável e ecológico de alimentos, tendo, além do plantio, a compostagem, para que os alunos aprendam como o alimento é produzido.

Sobre as palestrantes

Silvani Silva – Formada em Pedagogia da Terra pela UFSCar, mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela Uniara, fundadora do Movimento Pé Vermelho, pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos e Documentação Rural. Atua nas áreas de educação, agricultura, segurança alimentar, meio ambiente e sustentabilidade.

Lara Teixeira Laranjo – Bióloga, mestre em Zoologia, doutora em Biologia Celular e Molecular pela Unesp de Rio Claro. Composta seus resíduos desde 2014 e empreende no ramo da compostagem por meio da Minhocaria junto com seu companheiro desde 2016.

Enedina de Andrade – Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Iterra/Via Campesina Brasil), especialista em Educação do Campo, Agroecologia e Agricultura Camponesa pela Universidade de Campinas (Unicamp), mestre em Saúde Coletiva pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP – Fiocruz) do Rio de Janeiro.

Frente Parlamentar de Defesa do Direito das Mulheres

A Frente Parlamentar de Defesa do Direito das Mulheres é uma Comissão Especial de Estudos da Câmara Municipal de Araraquara, presidida pela vereadora Fabi Virgílio (PT) e composta também pela vereadora Filipa Brunelli (PT) e pelo vereador Paulo Landim (PT).
“Esta comissão é um instrumento legislativo que visa promover o diálogo com a sociedade. É um espaço de escuta e de troca para que legisladores e sociedade reflitam sobre temas afetos, visando à articulação de políticas públicas para a nossa cidade”, explica Fabi.

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